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Memória do Orgulho: Ocupação artística ‘Noite das Estrelas’ homenageia o legado da resistência LGBTQIAPN+ na Maré [IMAGENS]

Jun 24, 2024

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Este é o nosso último artigo de uma série criada em parceria com o Centro Behner Stiefel de Estudos Brasileiros da San Diego State University, para produzir artigos para o Projeto Brasil Digital sobre questões hídricas e a população LGBTQIAPN+ nas favelas do Rio e na Baixada Fluminense para o RioOnWatch .

No dia 4 de junho foi lançada a ocupação artística Noite das Estrelas para celebrar a história e a memória das pessoas LGBTQIAPN+ nas favelas do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A ocupação revive os eventos históricos da Noite das Estrelas da década de 1980, quando moradores LGBTQIAPN+ da Maré realizavam shows e apresentações na comunidade. Produzida pelo projeto Entidade Maré, a nova ocupação artística Noite das Estrelas celebra e recupera memórias desse período.

A ocupação artística Noite das Estrelas acontece todos os domingos desde 4 de junho na comunidade Nova Holanda e terá sua última apresentação neste domingo, 9 de julho, com duração de três horas, desfilando da Rua Teixeira Ribeiro até a escola de samba Gato de Bonsucesso . Reunindo diversas formas de arte como teatro, música e performance, com muita criatividade, a ocupação oferece uma experiência imersiva do imaginário LGBTQIAPN+.

Foi desenvolvida uma performance teatral intitulada Noite das Estrelas, interpretada por Milu Almeida, Dominick Di Calafrio, Jaqueline Andrade, Marcela Soares, Lívia Laso, Preta Queenb Rull, com apresentação de balé de Arthur Gabriel, Codazzi Idd, Lua Brainer e Luiz Otávio. Os eventos das últimas semanas contaram com apresentações de artistas convidados como MC Natalhão, MC Caten e Van Preta, lendária drag queen das festas originais, no domingo da Semana do Orgulho, 25 de junho. em 2020 e responsável por sediar este evento, referência da Maré desde a década de 1980.

Marcela Soares, uma das pioneiras da festa Noite das Estrelas, conta a sua história.

“Sinto-me honrado porque comecei a participar ainda adolescente através de amigos em festas em casa. Aí nas festas de rua tinha um evento na Vila do João [favela da Maré] e eu comecei por lá. Essas atividades se expandiram para diversos setores da comunidade, os chamados Shows Gays. Quando aconteciam as tradicionais festas juninas [brasileiras] a gente ia em todas as comunidades daqui. Foi muito gratificante estar no palco aqui na Maré. Dá vontade de chorar.” -Marcela Soares

Uma nova geração, como a artista trans Lua Brainer, compartilha a experiência de poder fazer parte desse legado.

“O evento se marca na história dos moradores trans mais velhos e, como transexual atualmente na Noite das Estrelas, também faço parte dessa história e de sua continuação. Tem uma frase [que rima em português], 'se um dia eu virar estrela, voltarei como drag queen'. Noite das Estrelas é uma continuação, trabalho realizado e voltado para os corpos trans da Maré, principalmente artistas. Sou uma continuação do trabalho realizado anteriormente nos desfiles pela comunidade. Mais tarde haverá uma continuação além de mim para outra mulher transexual na favela. Cada espetáculo é uma inovação de atravessar, dar apoio, acolher. É uma manifestação da importância da continuação.” -Lua Brainer

Além da apresentação do domingo, 4 de junho, a ocupação realizou ao longo do mês diversas atividades voltadas ao público LGBTQIAPN+, como oficina de produção cultural com Bem Medeiros; a exposição Noite das Estrelas uma Galáxia Eterna no Espaço Cultural Herbert Vianna com acervos pessoais da cena LGBTQIAPN+; e as pioneiras festas e exibição do filme Noite das Estrelas, exibido no Festival de Cinema Negro Zózimo Bulbul e, na Maré, na Resistência Lésbica da Maré, Instituto Maré Trans, e na Rua Sargento Silva Nunes, em parceria com o Conexão G, Centro pela Promoção da Cidadania LGBTIAP+, Gilmara Cunha e Redes da Maré.